Resumos das conferncias


Confiram os resumos de algumas conferências confirmadas:

 

Conferência de abertura: Investigando o financiamento nas áreas de Letras e Linguística
Conferencista: Prof. Dr. Fábio Durão (UNICAMP)

Resumo: Assim como outros componentes da vida acadêmica, o financiamento da pesquisa passou por um processo de naturalização que não é benéfico. Na nossa prática cotidiana nos acostumamos a fazer pedidos para as agências de fomento de um modo quase automático, raramente parando para pensar no financiamento como uma questão. É justamente esse o objetivo desta fala. Procuraremos refletir sobre aspectos conceituais do financiamento, tais como: 1) sua relação com políticas científicas mais amplas e com projetos nacionais; 2) a adequação do financiamento para as diversas áreas, em especial as áreas de Letras e Linguística; 3) a ideologia do financiamento (o conseguir dinheiro como um valor em si); 4) as consequências do subfinanciamento e como sobreviver a ele.

 

 

Conferência de encerramento: Humanidades digitais: conceitos, metodologias e procedimentos éticos nos estudos linguísticos
Conferencista: Profa. Dra. Maria Eunice Quilici Gonzalez (UNESP-Marília)

Resumo: A presente conferência tem por objetivo delinear e discutir perspectivas atuais sobre as “humanidades digitais”, com ênfase em problemas éticos relacionados à dinâmica de formação de opiniões decorrentes do emprego de Big Data. A expressão “Humanidades digitais” surgiu por volta dos anos 2000 e, em 2010, foi publicado manifesto na França em que se advoga o nascimento de um campo inter/multi/transdisciplinar de práticas de investigação que engloba tratamento computacional de dados na área de ciências humanas, dentre elas, a linguística. A definição do conceito de “humanidades digitais” ainda não possui um consenso na academia, sendo uma questão em pauta em diferentes centros de investigação nacional e internacional. Nesse cenário, os estudos sobre linguagem têm tido papel de destaque, não apenas pelas possibilidades de aplicação no que diz respeito, por exemplo, à identificação de regularidades linguísticas em diferentes contextos e ao ensino de língua estrangeira. De particular relevância para a presente conferência é a questão da natureza de atitudes éticas na construção de discursos que podem influenciar, e muitas vezes direcionar, a dinâmica de formação de opiniões sobre meio ambiente, politica e, inclusive, práticas de investigação linguísticas na contemporaneidade.

 

 

Conferência: Ensino e aprendizagem de Português língua estrangeira: contextos e especificidades 
Conferencista: Prof. Dr. Nelson Viana (UFSCar)

Resumo: O campo de ensino de português como língua estrangeira tem crescido exponencialmente em décadas recentes e esse crescimento vem contribuindo para a expansão de especificidades que também vão se consolidando, ora como ramificações, ora como áreas paralelas, a saber, português como língua de herança, português como língua de acolhimento, português língua estrangeira para fins específicos, entre outras modalidades. Tal expansão representa demandas também específicas, englobando questões pedagógicas, linguísticas e sociais, compondo um quadro abrangente de desafios e de oportunidades que posicionam o campo sob perspectiva multidimensional e multidisciplinar. Entre essas questões podemos destacar políticas linguísticas, formação de professores, materiais e procedimentos instrucionais e avaliativos, especificidades linguísticas, pesquisa, publicações e eventos acadêmicos, todas indicando um viés de necessidades que se evidenciam, mas também de demandas que se concretizam e, em menor ou maior grau, se consolidam. O objetivo nesta conferência é focalizar esse campo, inicialmente sob perspectiva panorâmica e, em seguida, abordando com mais ênfase, alguns dos aspectos linguísticos que podem (ou merecem) compor uma agenda de investigação mais sistemática, visando resultados que possam contribuir para os processos de ensino-aprendizagem.

 

 

Conferência: A gramática ainda e sempre?
Conferencista: Prof. Dr. Sírio Possenti (UNICAMP)

Resumo: O debate está nas ruas há alguns anos, as reações são eventualmente violentas, mas o papel da “lingüística no ensino” se explicita aos poucos. A falta de unanimidades não deveria ser argumento para sustentar sua inutilidade. Os estudos de variação, do texto e do discurso podem parecer os de utilidade mais imediata. Os primeiros porque permitem combater mais diretamente os preconceitos, mas também ou especialmente, porque revelam o fosso entre duas variedades muito diferentes que se ouvem no Brasil, e em relação ao qual urge uma posição política e de política lingüística. Os outros porque deveriam dar sentido ao fato de que a escola se destina em grande medida a dar acesso ao mundo da escrita. No entanto, minha posição é que o que trava o debate é a forma como se trata a questão da gramática. Nela está o verdadeiro nó político da escola, no que se refere à questão da língua. Basta ver as reações que houve à primeira versão do documento sobre as bases curriculares. A conferência tratará dessa questão.

 

 

Conferência: On preserving and enhancing biological and linguistic diversity in the Amazon
Conferencista: 
Prof. Dr. Tonjes Veenstra (ZAS-BERLIM-Alemanha) 

Resumo: The Amazon region is a special area as it has harbours not only the greatest biological diversity but also constitutes one of the most diversified linguistic areas (Aikhenvald 2015). At the same time both are under serious threat, due to deforestation and monocultural farming. Forest clearing and disturbance in the Brazilian Amazon have a devastating effect on the biological diversity (Ochoa-Quintero et al 2015) as well as a major impact on climate change. The set up of big plantation-like businesses leads to social disruption and weakening the position of indigenous communities in the region.  Small farming techniques on the other hand have a positive effect on both the biological and linguistic diversity, as it strengthens the linguistic and cultural viability of these communities preventing en mass language shift, in addition to protecting the biological diversity of the forest (Blackman et al 2017). In this conference we discuss a social project in Brazil that was directed towards enhancing the transmission of cultural heritage between different generations in some eighty Quilombolas communities, which are maroon societies established during the colonial period by run-away slaves of African descent, in the following states of the Brazilian Amazon: Para, Amapá, Tocantins and Maranhao. The main idea behind the project was to strengthen the communities in their struggle for attaining formal legal title to their lands to slow tropical forest destruction as well as their cultural viability. This was done by having young adolescents interview the older generation on a variety of topics, including their oral history and traditional ways of cultivating their lands. The interviews were all recorded on video. Due to the fact that the interlocutors were all from the local communities, the recordings also document the local linguistic repertoires of the different Quilombolas communities without possible interference from (more) standard varieties of Brazilian Portuguese. As such, they give us a new and unique glimpse of the rich tapestry of Afro-Brazilian language varieties in the Amazon region, still a rather neglected area (cf. Lucchesi et al 2016, Mufwene 2014).

 

 

Conferência: Big Data e a Linguística
Conferencista: Prof. Dr. Tony Berber Sardinha (PUC-SP)

Resumo: Nesta apresentação, tratarei da questão de recursos conhecidos como big data e sua relação com a Linguística, particularmente do ponto de vista do léxico. O termo big data refere-se a grandes conjuntos de dados, estruturados ou não, acessíveis por computador, que são explorados com a ajuda da informática. O objetivo geral do uso desses recursos é geralmente descobrir padrões recorrentes, inéditos e ‘invisíveis a olho nu’. A interpretação desses padrões pode trazer à tona relações inesperadas e informações novas, escondidas na imensidão dos dados. O papel da informática é portanto duplo: o de permitir a coleta, incremento e armazenamento de dados, de um lado, e o de criar condições para extrair informações relevantes, de outro. Big data tem sido usado em muitas áreas de atuação, notadamente dos negócios e nas ciências. Nas áreas relacionadas à Linguística, os recursos big data, embora menos conhecidos, já impulsionam campos como a Linguística de Corpus, Processamento de Linguagem Natural, Linguística Computacional, Text Mining, Digital Humanities e Culturomics. O objetivo desta apresentação é discutir o uso de big data e abordagens de exploração de big data na Linguística. Serão enfocados corpora e base de dados tanto do tipo ready-made quando self-made. Entre as fontes de big data para linguistas, serão apresentados recursos online, como as famílias de corpora TenTen, residentes no SketchEngine, e os corpora BYU, armazenados na Universidade do mesmo nome, todos com vários bilhões de palavras. Além desses, será discutida a base de dados Google N-Gram, com meio trilhão de palavras. Entre os corpora self-made trarei exemplos de corpora criados para representar a história da ciência. Ilustrarei a exploração desses recursos com pesquisas baseadas em corpora. Entre as técnicas de exploração dos recursos de big data, mostrarei o uso de estatísticas multivariadas, que permitem encontrar padrões entre recorrências lexicais. A disponibilidade de bases de dados e corpora textuais big data pode mudar o cenário das ciências humanas, incluindo a linguística, abrindo oportunidades mas também impondo desafios. Há uma crescente pressão para linguistas se apropriarem da informática, o que lhes permitiria formular novas questões de pesquisa que vão além dos limites estritos da disciplina. Os recursos de big data exigem do linguista o engajamento com áreas diferentes, não somente a informática, mas também outras relacionadas aos achados, dando assim uma coloração multidisciplinar à Linguística. Ao mesmo tempo, levantam a questão de como esse salto quantitativo e qualitativo vem a dialogar teoricamente com a Linguística, entrando assim em questões de identidade da área.

 

 

 



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